Brechós de luxo: a arte de garimpar

Por Laura Roggia

Com a chegada do verão europeu, surge uma ótima oportunidade para voltar com um guarda-roupa mais autêntico e cheio de personalidade. Garimpar durante a viagem é uma forma de trazer história na mala e dar aquele upgrade criativo no estilo.

24 de jun. de 2025

Na Europa, o vintage não é só uma tendência - é quase uma instituição. Caminhar por Paris, Londres ou Milão é descobrir que o passado tem mais estilo do que muito look recém-saído da passarela. Como stylist que construiu sua identidade profissional sob curadoria de peças pre-loved, posso dizer sem hesitar: poucas coisas são tão recompensadoras (e inteligentes) quanto comprar moda com história.

O mercado de vintage e luxo de segunda mão está em plena expansão. Na Europa, movimenta bilhões por ano e cresce mais rápido do que o próprio mercado de luxo tradicional. Por quê? Simples: une preço mais acessível e exclusividade. Em outras palavras, você pode encontrar uma jaqueta dos anos 90 da Margiela por um valor menor do que um tênis hype atual. E, em outros casos, algumas peças raras já se tornaram itens de colecionador, com valores acima das coleções atuais. Isso sem falar que, com sorte, você ainda encontra algo especial, do seu tamanho e por um preço baixo - e aí vem aquele pensamento que todo entusiasta de garimpo anseia em ter: “não é possível que ninguém viu isso antes de mim”.

Além de economia e autenticidade, comprar vintage é uma escolha estética e política. Estética porque permite montar um estilo verdadeiramente único, com peças que fogem do óbvio, de difícil acesso e que contam histórias. Política porque consumir o que já existe é, hoje, um ato consciente diante de uma indústria repleta de excessos. No fim, você se veste melhor, gasta menos e ainda ajuda o planeta - win-win.

Com a chegada do verão europeu, surge uma ótima oportunidade para voltar com um guarda-roupa mais autêntico e cheio de personalidade. Garimpar durante a viagem é uma forma de trazer história na mala e dar aquele upgrade criativo no estilo.

Para quem gosta de comprar online, plataformas como Vestiaire Collective, Vinted e RESEE oferecem uma curadoria afiada, autenticação profissional e uma seleção para todos os gostos.

Agora, se - assim como eu - você é do time que prefere ver a peça ao vivo (e sentir aquela confusão mental boa, sem saber pra onde olhar primeiro), aqui vão minhas lojas físicas preferidas:

Cavalli e Nastri, Milão - Itália — um templo do vintage refinado.

Nordic Poetry Shop, Londres - Reino Unido — seleção afiada com toque street-chic.

Das Neue Schwarz, Berlim - Alemanha — para quem gosta de moda conceitual e peças raras.

Vintage Gallery, Florença - Itália — um achado descolado em Florença, com peças cheias de personalidade.

Erem Vintage, Paris - França — nova geração do vintage francês, com alma cool.

Valois Vintage, Paris - França — endereço parisiense obrigatório para quem busca peças de grife autênticas e com história.

E o Brasil? O mercado de revenda de luxo cresceu visivelmente nos últimos anos, impulsionado por um público mais informado e exigente. Brechós como o Etiqueta Única, GRINGA, Cansei Vendi e Peguei Bode estão ajudando a transformar o garimpo em experiência e cultura de moda. Ainda temos um longo caminho até alcançarmos o nível europeu de variedade e acessibilidade - principalmente quando se trata de peças verdadeiramente vintage -, mas já é um começo promissor e empolgante.

No fim das contas, comprar vintage é sobre vestir o tempo - com gosto, criatividade e, claro, sorte.