Para além das pistas: o império do GP de Mônaco
Mônaco se tornou uma vitrine onde a performance importa, mas, muitas vezes, o que está fora do grid vale mais que qualquer pole position.
23 de mai. de 2025

O Grande Prêmio de Mônaco é um dos eventos mais celebrados do calendário da Fórmula 1. Enquanto os olhos do público se voltam para as ultrapassagens nas ruas apertadas do principado, o verdadeiro jogo se desenrola fora da pista, em camarotes flutuantes, terraços reservados e baladas que custam o valor de um carro da temporada passada.
Por trás da corrida mais glamourosa da Fórmula 1, existe uma engrenagem de interesses financeiros, conexões silenciosas e um ecossistema de poder que faz de Mônaco o ponto alto do networking de luxo europeu.
Quem paga essa conta?
Montar o GP de Mônaco custa em média US$60 milhões por edição. O curioso é que a Fórmula 1 não cobra taxa de hospedagem do principado, ao contrário do que acontece com outras etapas.
O evento, na prática, é bancado por patrocinadores locais, acordos institucionais, operações de hospitalidade e, claro, o próprio governo monegasco, que tem interesse direto em manter a imagem de epicentro do luxo global.
O retorno, no entanto, é muito maior: estima-se que o GP movimente mais de US$100 milhões em poucos dias, entre turismo, aluguel de iates, reservas de suítes presidenciais e eventos corporativos privados.
Os ingressos para o Paddock Club em Mônaco são os mais caros do calendário da F1. Para esse ano, os pacotes de três dias custam até €14.800 por pessoa, significativamente mais altos do que em outros circuitos, como Silverstone ou Hungaroring, onde os preços começam em torno de €5.000 a €7.000 para o final de semana.
Donos da festa
A festa mais disputada do fim de semana acontece sempre no sábado pré corrida, na mansão de Carl, em Cap Martin, organizada por sua marca, Heaven Sake. Nomes como Keinemusik, Blond:ish e J Balvin já passaram por lá. Esse ano, Marco Carola fica responsável por comandar a música.
TAG Heuer no topo do pódio
Pela primeira vez em quase um século, o GP de Mônaco ganha um patrocinador principal: a marca suíça de relógios de luxo TAG Heuer. A corrida é oficialmente denominada Fórmula 1 TAG Heuer Grand Prix de Monaco 2025.
Essa mudança faz parte de um acordo mais amplo entre a F1 e o conglomerado francês LVMH, que inclui outras marcas como Louis Vuitton e Moët & Chandon. A LVMH firmou uma parceria global de 10 anos com a Fórmula 1, iniciada esse ano, trazendo suas maisons para o centro das atenções no mundo do automobilismo.
Para a TAG Heuer não se trata de ROI, mas sim de presença simbólica. É a lógica da eternidade de marca: quem está em Mônaco permanece relevante no mercado.
Além da linha de chegada

Há algum tempo, a Fórmula 1 passa por transformações profundas: mais jovem, mais digital, mais pop. Mas Mônaco permanece intocado. Porque há um valor intransponível naquilo que não se adapta, mas resiste com charme.
O GP de Mônaco é, talvez, o único evento onde se pode ignorar completamente a corrida e ainda assim viver uma experiência completa.