O que quase ninguém vê em Roland Garros
Entre rotinas exaustivas e experiências exclusivas, o torneio é uma engrenagem de luxo e performance. Durante duas semanas Paris se transforma no epicentro do tênis mundial e do networking global.
3 de jun. de 2025

Realizado em Paris, Roland Garros é um dos quatro Grand Slams, ao lado de Wimbledon, Australian Open e US Open, e considerado por muitos o mais técnico e difícil de vencer, devido às condições das quadras de saibro.
Muito se fala sobre os grandes jogos, os pontos memoráveis e as vitórias históricas em Roland Garros. Mas poucos conhecem a operação complexa por trás de um dos maiores torneios de tênis do mundo, especialmente na rotina dos atletas que disputam em quadra. A seguir, um panorama detalhado da estrutura, dos bastidores e da realidade pouco vista por trás do evento.
Rotina dos atletas
Ao contrário da ideia de que o jogador apenas “entra, joga e vai embora”, a logística diária é extensa. Cada atleta viaja acompanhado de uma equipe técnica: treinador, fisioterapeuta e até dois convidados. A programação de um dia de jogo começa cedo. Por volta das 9h, o jogador já se desloca com motorista exclusivo para o complexo. A chegada ao clube marca o início de uma série de preparações: mobilidade articular, aquecimento físico e treino em quadra. Após o treino, o atleta passa por sessões com o fisioterapeuta e segue para o almoço, antes de finalmente entrar em quadra para a partida marcada.
Depois do jogo, a rotina não cessa. Há um processo obrigatório de resfriamento físico na academia, seguido por mais fisioterapia e, para os destaques do dia, entrevistas coletivas com a imprensa. O dia pode facilmente se estender até as 21h, quando o atleta retorna ao hotel ainda sob efeito da adrenalina competitiva.
Experiência do público
Com 17 quadras para jogos e mais 7 exclusivas apenas para treinamento, Roland Garros impressiona não apenas pela tradição, mas também pela estrutura de ponta. As arquibancadas acomodam de 5 a 15 mil espectadores, e o torneio recebe, diariamente, cerca de 50 mil visitantes, número que ultrapassa os 600 mil ao final das duas semanas de competição.

Em 2024, o torneio estabeleceu um recorde de público, com 675.080 espectadores ao longo do evento.
Quem frequenta Roland Garros pode viver realidades muito distintas. Ingressos mais acessíveis permitem assistir a jogos de alto nível em quadras secundárias, uma das características marcantes do torneio. Já os espaços de hospitalidade oferecem experiências altamente segmentadas e exclusivas. Patrocinadores como Rolex, Emirates, BNP Paribas, Lacoste, Wilson, promovem áreas VIP com open bar, gastronomia refinada e acesso a camarotes privilegiados.
Há também os “boxes” da Federação Francesa de Tênis, voltados a autoridades e celebridades. Esses ambientes não são abertos ao público geral e tampouco aparecem na televisão. São áreas reservadas para relacionamento de marca e networking.
Vida noturna
Dois eventos sociais marcam o calendário do torneio: a festa de abertura e a de encerramento. A primeira, voltada a atletas, patrocinadores e convidados, costuma ocorrer em hotéis parceiros como o Plaza Athénée. Já a festa final, realizada no tradicional clube Paris Racing, é black tie e reúne os campeões do torneio com os principais patrocinadores em uma celebração restrita e institucional. Ambos os eventos têm acesso extremamente limitado, inclusive, a imprensa não é permitida.
Ingressos
Qualquer fã de tênis deve sonhar em assistir ao vivo às estrelas do esporte disputando partidas épicas em Paris. Os ingressos variam conforme a fase do torneio e a quadra escolhida. Os valores podem ultrapassar 999 euros para uma final masculina na Philippe-Chatrier.
Já os pacotes de hospitalidade VIP, que incluem acesso a lounges exclusivos, catering e serviços personalizados, partem de 1.490 euros e chegam a mais de 2.950 euros, dependendo do dia e da disputa. Comprar com antecedência é essencial, já que os ingressos para as fases decisivas esgotam rapidamente.
Premiação

O prêmio financeiro dado aos tenistas que vão disputar Roland Garros esse ano vai chegar em torno de 360 milhões de reais. Isso representa um aumento de mais de 5% em relação ao total de 2024.
Com valores iguais para homens e mulheres desde 2007, o Grand Slam francês pagará 2,55 milhões de euros (mais de 16 milhões de reais) aos campeões de simples.
Roland Garros é, portanto, mais do que um campeonato. É uma operação de alta complexidade, que alia performance esportiva, estrutura global e experiências segmentadas. Um evento que exige precisão, planejamento e excelência, dentro e fora das quadras.